A Escola
Pequenos pés correndo pela rua, pulando de tênis vermelho com cadarços trocados e amarrados com ajuda de mãos maiores. Mochila de rodinhas barulhentas e mochilas grandes demais para as costas passam por uma parede com duas crianças montadas em um dinossauro andando de skate e entram em uma porta laranja, que é aberta pela diretora.
De longe, vemos um prédio predominantemente branco com detalhes laranja nas portas, janelas, varandas e portões. De perto, esse casarão de três andares emite o som de gritos de alegrias e de altas risadas vindas de sorrisos abertos de orelha a orelha. O cheiro inesquecível de felicidade passa de sala em sala que se mistura com o odor de livros e papéis novos e velhos e termina na cozinha com cheiro de comida para todos. Às vezes, no meio de toda essa alegria, ouvimos choros de saudade ou de tombos na correria.
Os pequenos pés começam no segundo andar, mas esses ainda não conseguem andar, passam por salas que ligam a uma varanda gradeada, onde encontram-se brinquedos. Do outro lado das salas, um grande pátio com pneus coloridos para brincar de imaginar. O chão é coberto por colchonetes que são cobertos por crianças com brinquedos que deveriam voltar para os armários com os lápis e pincéis, mas acabam no chão ou nas mesinhas para pequenos artistas que pintam com as mãos.
Quando os pés crescem, eles descem ao primeiro andar onde tem o maior pátio para brincar, nos fundos ficam a secretária, ao lado um pátio com chafariz e, na frente do mesmo, fica a cozinha com batuque de samba. As salas têm mesas e armários cheios de lápis e giz de cera.
Os maiores pezinhos vão para o terceiro andar onde tem um pátio com pneus de imaginar e este também é gradeado . As estantes das salas cheias de livros e estojos. Todos têm mesas e um quadro negro.
Todo o casarão é cheio de brincadeiras, mas estão sempre cercados de estudos, que também são uma alegria. Pendurado na parede o cartaz “Creche-Escola Ueriri”.
Minha primeira escola, cheia de amigos, saudades e lembranças.
Ass. Ana Luiza Barbosa Wegner, turma de 2009.
Vamos contar
uma história
especial,
a história
da Ueriri!
Em 1979 quatro pessoas, que quase nem se conheciam, se juntaram porque tinham o mesmo desejo. Fazer uma escola, onde pais e mães pudessem deixar os seus filhos confiantes e felizes. Este espaço foi pensado para as crianças se divertirem, com atividades que também fossem brincadeiras. E é brincando que ela vai fazer amiguinhos, vai aprender a engatinhar, andar, falar, pular corda, aprender a ler, escrever e contar tantas outras coisas que parecem só brincadeiras.
Um nome precisava ser escolhido. O primeiro foi “Curumim”, que mais tarde passou a ser Ueriri, que quer dizer “criançada” numa língua indígena, o Javaé.
Muitos anos se passaram, muitas coisas aconteceram e outras pessoas assumiram esse trabalho. Novas crianças, novas brincadeiras, novos pais. A Ueriri cresceu mantendo sua tradição de ser um espaço de valorização da criança como um sujeito social e histórico, inserida dentro de uma cultura mas que sente e pensa de modo próprio e, principalmente, que aprende brincando.
A escola valoriza a cultura brasileira. Dessa forma a criança cresce interagindo com as diversas manifestações da sua cultura, expressando-se em diferentes linguagens, elaborando idéias e hipóteses originais sobre si própria e sobre o mundo.